Cultura: Grupo de Teatro de Moura quer mais apoios para o Alentejo e diz que concurso deste ano está “viciado”

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mouraMoura, Beja – O grupo Teatro Fórum de Moura (Beja) apelou hoje ao aumento dos apoios anuais do Ministério da Cultura às artes, sobretudo para o Alentejo, a região “mais prejudicada” no concurso deste ano, que diz estar “viciado”.

“Apelamos ao aumento dos financiamentos disponíveis para este ano, o mais rápido possível e a favor de uma real correcção da macrocefalia nacional dos apoios às artes, dando especial atenção à região Alentejo, a mais prejudicada”, disse hoje à agência Lusa Jorge Feliciano, do Teatro Fórum de Moura.

O apelo consta numa carta aberta que o grupo enviou à ministra da Cultura, Gabriel Canavilhas, e ao director-geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, no passado dia 11 de Janeiro, três dias após a abertura do concurso para os apoios anuais às artes deste ano.

O concurso para os apoios anuais, atribuídos pelo Ministério da Cultura através da Direcção-Geral das Artes, disponibiliza este ano quase 1,629 milhões euros para 29 apoios a entidades com pelo menos dois anos de actividade profissional.

No comunicado de abertura do concurso, a DGA refere que “a distribuição do financiamento observa um propósito de descentralização da oferta artística e cultural” e destina 575.616 euros para o Norte, 485.000 euros para Lisboa e Vale do Tejo, 375 mil euros para o Centro, 108 mil euros para o Algarve e 85 mil euros para o Alentejo.

A partir da análise dos apoios deste ano em relação a 2009, “apenas a região Norte é beneficiada com um aumento de quase 70.000 euros”, frisou Jorge Feliciano.

“O Alentejo obtém uma subida residual de 2.500 euros, o Algarve uma ligeira descida e o Centro perde cerca de 50.000 euros”, mas a verba para esta região “é quatro vezes maior” do que as daquelas duas regiões do Sul, salientou.

O Norte poderá passar dos actuais nove para um máximo de 10 projectos apoiados, Lisboa e Vale do Tejo de 12 para 10, o Centro de quatro para cinco e o Alentejo e o Algarve de dois para cinco cada, num total de 35 projectos, explicou Jorge Feliciano.

No entanto, “nem todas as regiões atingirão o máximo de projectos apoiados, já que o concurso disponibiliza-se a apoiar apenas 29 projectos em termos globais, precisamente o mesmo número de 2009”.

“Partindo do princípio que cada uma das regiões pode alcançar o máximo de projectos a apoiar, o valor médio de um projecto no Alentejo é absurdamente baixo, apenas 17 mil euros”, precisou.

Agentes culturais do Alentejo e do Algarve contactados pela Lusa mostraram-se solidários com a posição do Teatro Fórum de Moura expressa na carta enviada à ministra da Cultura.

O director artístico da companhia de Teatro de Beja “Lendias d’ Encantar”, António Revez, contestou “os valores e as premissas” do concurso e espera que a ministra da Cultura “altere em tempo útil” os apoios anuais previstos para que “os criadores alentejanos vejam reposta a justiça”.

O presidente da Academia de Música de Lagos, instituição que por ano realiza mais de 300 eventos culturais, recordou que as verbas atribuídas a cada distrito “são escassas”, nomeadamente no Algarve, região que tem uma população flutuante.

“De facto, o número de projectos apoiados é pouco, porque a verba é escassa. Devia haver uma abertura do Ministério da Cultura para aumentar cotas atendendo à população flutuante”, defendeu Viegas Gonçalves, recordando, por exemplo, que em Lagos a população aumenta seis vezes no Verão”.

A Lusa contactou hoje a directora regional de Cultura do Alentejo, Aurora Carapinha, que se escusou a prestar declarações sobre o assunto.

LL/CCM.

Lusa/Fim

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