Educação: Dia de luta nacional mobiliza milhares de estudantes em todo o país
Milhares de estudantes do ensino básico e secundário manifestaram-se hoje por todo o país para contestar o novo estatuto do aluno e exigir o fim dos exames nacionais, o direito à escola pública e a implementação efetiva da educação sexual.
Em Lisboa, cerca de 400 alunos de 10 escolas concentraram-se na praça do Saldanha, dirigindo-se depois para o Ministério da Educação, em manifestação. Os estudantes chegaram à 5 de outubro gritando palavras de ordem como “mais do mesmo não” e “a luta continua, os alunos estão na rua”.
Em Almada, onde os protestos estudantis têm habitualmente grande adesão, cerca de mil alunos reuniram-se frente aos Paços do Concelho, levando o vereador da Educação, António Matos (CDU), a considerar tratar-se de “uma das maiores concentrações ocorridas nas últimas manifestações”.
Perto de 300 alunos de Évora, pertencentes a três escolas secundárias, manifestaram-se pelas ruas da cidade, sempre sob olhar atento dos elementos da PSP, e dirigiram-se ao Governo Civil, onde entregaram um documento com as reivindicações.
“As aulas de educação sexual são uma das exigências cruciais, porque estão na lei há muitos anos e nunca foram implementadas”, disse à agência Lusa o porta-voz dos alunos, Ivo Biléu, enquanto colegas cantavam: “Estudantes unidos jamais serão vencidos”.
No distrito de Coimbra, os portões da Secundária de Arganil encontravam-se fechados a cadeado ao início da manhã, sendo reabertos cerca das 08:30 pelos bombeiros, segundo fonte da GNR. Na altura, algumas dezenas de estudantes manifestavam-se pacificamente à entrada da escola.
Na cidade de Coimbra, cerca de uma centena de estudantes manifestaram-se na Praça 08 de maio, de onde desfilaram até ao Governo Civil. O presidente da Associação de Estudantes da Secundária Avelar Brotero lamentou que na sua escola, atualmente em obras, existam apenas quatro casas de banho para mais de dois mil alunos. “Estou numa turma de 38 alunos, há salas onde não cabemos todos”, queixou-se por seu lado Inês Relvas, da mesma escola.
Cerca de 300 alunos da Secundária de Seia fecharam a escola a cadeado e manifestaram-se no centro da cidade, tendo sido recebidos pelo presidente da Câmara, disse Francisco Cruz, da sssociação de estudantes. João Brás, diretor da escola, disse à Lusa que a ação decorreu “de forma ordeira”.
Cerca de 700 alunos reuniram-se em frente ao Governo Civil de Viseu, outros 300 estudantes manifestaram-se em Faro, enquanto no Porto cerca de 150 alunos de sete escolas concentraram-se frente à Câmara Municipal.
“Não à repressão, liberdade de expressão”, “exames nacionais não”, “chega de mais do mesmo”, “é essencial educação sexual”, “Sócrates escuta, estudantes estão em luta” e “não, não às aulas de substituição” foram algumas das frases gritadas nos vários protestos.
Com este “dia de luta nacional”, promovido pela Delegação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico (DNAEESB), os alunos exigem mais investimento nas escolas, o fim dos exames nacionais e da figura dos diretores e reivindicam a “efetiva aplicação” da educação sexual e um estatuto do aluno “inclusivo”.
“Uma das nossas lutas prende-se também com os impedimentos dos conselhos diretivos de realização das reuniões gerais de alunos. Existe também muita tentativa de intervenção dos conselhos no movimento associativo, além de se intrometerem nos processos eleitorais”, afirmou Rita Santos, da DNAEESB, acusando algumas direções de impedirem alunos de participar em manifestações.
FPA/RRL/SYC/AL/AMS/ASR.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico ***
Lusa/Tudoben