Educação/greve: Escola substituída por casa dos avós ou trabalho dos pais em Évora
O dia normal de aulas para dezenas de crianças de uma escola básica de Évora foi hoje substituído pela casa dos avós, tempos livres ou os locais de trabalho dos pais, devido à greve dos professores.
“Todos os professores desta escola aderiram à greve. Por isso, não há aulas”, avisava um cartaz afixado no portão da Escola EB1 Heróis do Ultramar, localizada numa das principais avenidas de Évora.
Apesar do frio e na incerteza sobre a adesão dos seus professores à greve, muitas crianças foram acompanhadas por pais ou avós até à entrada da escola, onde se deparavam com o portão fechado.
Noutros casos, os pais abrandavam os automóveis e, ao lerem o cartaz, retomavam a marcha, comentando as consequências da greve.
“Hoje estou de folga, se não tivesse tinha de faltar ao trabalho”, garantiu Fernando Martins, pai do pequeno Diogo, de sete anos, quando confrontado pela reportagem da agência Lusa à porta da escola.
Diogo regressou a casa para passar um “dia de descanso” com o pai, mas a colega Carla Sofia, de oito anos, não teve a mesma “sorte”.
“A Carla vai para o café onde trabalha a mãe”, relatou o pai, Francisco Carvalho.
Também o pequeno João Banha, de nove anos, teve hoje “oportunidade” de ir para o trabalho da avó, Maria do Rosário, que lamenta o facto de as pessoas não terem onde deixar os filhos nos dias em que não há aulas.
“É um problema. As pessoas não têm para onde levar as crianças”, sublinhou.
Por isso, os pais e os avós acabam por ser as “soluções” para acompanhar as crianças ao longo do dia, estando de folga, no trabalho ou desempregados.
É o caso Suzete Branco, que se encontra na situação de desemprego.
“E se não estivesse desempregada”, questionou a mãe do Rui, de oito anos, deixando algumas críticas à greve dos professores.
“A greve é uma forma de se manifestarem, mas há outras coisas em jogo, como são as crianças”, considerou.
Noutras escolas de Évora, dos vários graus de ensino, também não houve aulas, apesar de, nalguns casos, os portões estarem abertos.
Durante a manhã, dezenas de professores concentraram-se na Praça do Giraldo, considerada a “sala de visitas” de Évora, para explicar à população os motivos da greve.
Os sindicatos dos professores convocaram para hoje uma greve nacional para protestar contra o modelo de avaliação de desempenho definido pelo Governo, que querem ver suspenso.
A Plataforma Sindical de Professores prevê que a adesão à greve nacional convocada seja superior a 90 por cento, o que, a verificar-se, fará desta paralisação a maior ou uma das maiores dos últimos 20 anos.
MLM.
Lusa/Tudoben