Elvas e Campo Maior vão beneficiar de 250 mil euros para combate à toxicodependência

Views: 1438

A fronteira da raia alentejana com Espanha apresenta dados consideráveis no consumo de substâncias ilícitas. Em fase de aprovação está um plano de acção conjunta que vai começar a funcionar ainda este ano. O eixo Elvas-Campo Maior é entendido como prioritário para o Instituto da Droga e da Toxicodependência.

O Centro de Atendimento a Toxicodependentes de Elvas, que abrange apenas os concelhos de Elvas e Campo Maior tem cerca de 500 utentes inscritos. Para reduzir as estatísticas, o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) já aprovou um Plano Operacional de Respostas Integradas que ainda este mês deve ser assinado e implementado no terreno, como adianta Dinis Cortes, Director Clínico da Delegação Regional do Alentejo do IDT

“A Delegação de Elvas da Cruz Vermelha Portuguesa será a entidade promotora, que em parceria com o IDT e com uma série de outras entidades irá executar, durante dois anos, intervenção em duas áreas lacunares: a prevenção e a redução de riscos e minimização de danos”, afirma o responsável.

 Está prevista intervenção junto da população considerada “de risco”, numa óptica de prevenção selectiva. “Não nos vamos ficar pelas mensagens de prevenção universal. Vai haver, de facto, intervenção formativa e muito concreta junto de jovens, sejam eles já consumidores ou não de substâncias ilícitas. Vai existir também um grande trabalho de campo levado a cabo por uma equipa de rua junto daqueles que já consomem, numa perspectiva de minimização de danos”, aponta Dinis Cortes.

Ao todo, um investimento que ronda os 250 mil euros para o combate à toxicodependência em Elvas e Campo Maior. O projecto vai ser financiado em 80 por cento pelo IDT e em cerca de 20 por cento pelo núcleo de Elvas da Cruz Vermelha Portuguesa.

 De acordo com as últimas estimativas oficiais divulgadas em Bruxelas, Portugal investiu, este ano, o equivalente a 75 euros por cada cidadão em despesas públicas relacionadas com o combate à droga. Esse valor representa 25 por cento acima da média da União Europeia.

 Para Dinis Cortes, os números não surpreendem tendo em conta o atraso que o país leva no combate à toxicodependência.

 “Entendo que o fenómenos em Portugal tem características um pouco diferentes de outros países. Reparemos que no que diz respeito aos infectados pelo vírus da SIDA, o nosso país continua a ter uma grande taxa de infectados, embora esteja a descer o número de novos casos entre a comunidade de toxicodependentes. Claro que mantemos ainda níveis elevados, mas todas as políticas de redução de danos que têm sido seguidas são adequadas e têm produzido os seus frutos”, sublinha.

O relatório anual do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, já apresentado na capital belga, indica que dos quatro países que divulgaram as despesas relacionadas com o combate à droga, Portugal é o segundo, apenas atrás da Irlanda, que gastou 0,39 por cento da sua despesa pública, e à frente da Polónia (0,08 por cento) e República Checa (0,04 por cento).

Globalmente, o investimento estimado entre os 27 estados da UE aumentou de cerca de 24.500 milhões de euros em 2005 para 34.000 milhões de euros este ano.

M.G.

Comments: 0