Elvas: Milhares de Bolos das Bexigas confeccionados à moda antiga para celebrar domingo o São Sebastião

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barbacena01Elvas, Portalegre, 23 Jan (Lusa) – Milhares de Bolinhos de São Sebastião, também designados por Bolos das Bexigas, são vendidos este domingo nas festas de S. Sebastião, na freguesia de Barbacena, no concelho raiano de Elvas (Portalegre).

A tradição já é secular. Reza a lenda que quem comer os bolos de São Sebastião gozará de boa saúde o resto do ano.

A história remonta à altura do Conde de Barbacena, em 1816. Naquela época, terá havido uma epidemia de varíola nas crianças. A maleita era então designada de Bexigas, doença que deixava as crianças cheias de bolhas, com aparência de pequenas bexigas.

O Conde terá mandado cozer em forno de lenha os bolos para as crianças. Estas terão ficado curadas e, desde então, os bolos são confeccionados sempre em maior escala.

“Cada ano que passa fazemos mais bolos. Este ano, fizemos 170 quilos. São milhares de pacotes. Isto acontece porque a procura é muita, mas também porque temos muita fé nos bolinhos de São Sebastião”, disse à agência Lusa Maria Beatriz Carvalho, habitante naquela freguesia alentejana.

“Quando havia a Guerra do Ultramar, os habitantes de Barbacena faziam os bolos e enviavam, até por carta, aos seus familiares em combate”, recorda Maria Beatriz.

Os bolos só se fazem nesta altura do ano, por ocasião das festas de São Sebastião, que são comemoradas este domingo.

A população da aldeia mobiliza-se para confeccionar os bolos e os ingredientes são doados pelos próprios habitantes.

“Cada um dá aquilo que pode e começamos a trabalhar logo depois do Ano Novo”, garante Maria Beatriz.

Os bolinhos assemelham-se a bolachas. São finos e não chegam a ter dez centímetros. São recortados de forma irregular e agradáveis ao paladar. São feitos à base de farinha, banha, limão, erva doce, canela e açúcar.

Os bolos são feitos pela comunidade local, mas os mais jovens não têm um papel activo na continuidade da tradição.

“Tenho muita pena que morra esta tradição dos Bolos das Bexigas”, desabafa Maria Beatriz, acrescentando que “os mais novos não se interessam”.

No dia da festa, que tem lugar no Largo do Pelourinho da freguesia, largas centenas de romeiros deslocam-se até àquela aldeia alentejana para adquirirem os “milagrosos” bolinhos e assegurarem, pelo sim pelo não, que gozarão de boa saúde durante todo o ano.

Cada saquinho custa 1 euro e os lucros da venda revertem a favor da Paróquia local.

“O ano passado conseguimos juntar seis mil euros, Este ano queremos angariar mais dinheiro para arranjar a cobertura da Igreja Matriz”, rematou Maria Beatriz.

AYRM.

Lusa/Tudoben

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