Elvas/Pousadas de Portugal: Trabalhadores admitem greve na Páscoa contra “transferências forçadas”
Os trabalhadores das Pousadas de Portugal, do grupo Pestana, admitiram hoje convocar greves na altura da Páscoa em protesto pelo “assédio” que dizem estar a sofrer com as “transferências forçadas” entre as várias unidades da rede.
“Vamos analisar os vários casos de situações sociais graves que se passam nas pousadas e a decisão do grupo Pestana de, pelo segundo ano consecutivo, só dar aumentos salariais aos trabalhadores que ganham menos de 500 euros. Vamos marcar plenários e decidir formas de luta para a altura da Páscoa, eventualmente greves”, afirmou Francisco Figueiredo, do Sindicato da Hotelaria e Turismo.
Em declarações à agência Lusa à margem de uma conferência de imprensa em Lisboa, o dirigente sindical disse estar em causa a situação de 200 trabalhadores de dez Pousadas de Portugal (São Brás de Alportel, Elvas, Sousel, Santa Clara, Óbidos, Ria, Alijó, Bragança, Guimarães (Oliveira) e Cerveira) encerradas para obras durante a época baixa, numa situação que já se repete há alguns anos.
Segundo Francisco Figueiredo, estes trabalhadores estarão a ser “assediados” pelo grupo Pestana para laborarem noutras unidades da rede, o que implica, nalguns casos, deslocações “de mais de 200 ou 300 quilómetros”.
O dirigente garante que “há trabalhadores de baixa médica, a ser medicados e a receber apoio psiquiátrico”, outros que “já aceitaram várias transferências/deslocações forçadas e destruíram a sua vida pessoal e familiar” e outros ainda que, “ameaçados de despedimento, aceitaram rescindir o seu contrato individual de trabalho sem receber qualquer indemnização ou recebendo valores muito abaixo dos previstos na lei”.
Contactada pela agência Lusa, a diretora de comunicação do grupo Pestana negou qualquer “assédio” aos trabalhadores, garantiu que as transferências estão previstas no acordo de empresa e salientou que o encerramento temporário das pousadas visa garantir a qualidade do serviço e a consequente viabilidade das unidades.
Salientando que “o acordo de empresa prevê que os trabalhadores possam ser deslocados para outras unidades”, Patrícia Reimão afirmou que o grupo Pestana “tenta ao máximo que as transferências ocorram por um curto período de tempo” e para pousadas não muito distantes.
“Não há qualquer assédio aos trabalhadores. O que estamos é a tentar melhorar as unidades, de modo a que sejam rentáveis, até porque só assim podemos garantir os postos de trabalho”, sustentou.
O sindicato argumenta, contudo, que “a cláusula [do acordo de empresa que prevê a transferência de trabalhadores] está a ser utilizada de forma abusiva” pela empresa, que “não pode por em causa a conciliação da vida profissional e pessoal” dos funcionários.
Segundo garante, há trabalhadores de “há dezenas de anos” nas pousadas que foram “vítimas de processos disciplinares e despedidos só porque recusaram aceitar transferências forçadas que colocavam em causa a sua vida pessoal e familiar”.
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*** Este texto foi escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben