Ensino Superior: Universidade de Évora e congénere brasileira assinam parceria para investigação e cursos comuns
Évora, 08 mar (Lusa) – As universidades de Évora e Federal de Roraima, a única academia brasileira com uma licenciatura voltada para povos indígenas, estabeleceram um convénio para permitir intercâmbios e pesquisas conjuntas, assim como mestrados e doutoramentos de dupla titulação.
A parceria entre a universidade alentejana e a brasileira, da cidade de Boa Vista, capital de Roraima, estado do Brasil na fronteira com a Venezuela e a República da Guiana, foi assinado na última semana em Évora.
O reitor da Universidade de Évora (UÉvora), Carlos Braumann, explicou hoje à agência Lusa que a cooperação com esta instituição vai ao encontro da internacionalização que a academia alentejana tem em curso.
“É uma universidade que tem uma dimensão e muitos interesses, em termos de ensino e de investigação, semelhantes aos nossos” e a UÉvora está interessada “em colaborar com outros países”, disse.
Nessa ótica, acrescentou, o Brasil é um parceiro privilegiado, existindo já outras parcerias da UÉvora com universidades desse país: “A facilidade de a língua ser a mesma, torna muito mais fácil o intercâmbio de estudantes e docentes”.
As áreas de colaboração com esta universidade federal (UFRR), criada há duas décadas e situada na região da Amazónia, pelo qual Roraima é um dos estados do Brasil com maior população de índios, ainda vão ser definidas.
“Mas há várias [possíveis], desde a agricultura, à sociologia, à economia e às ciências”, acrescentou.
Durante este ano letivo, disse, vão decorrer ações preparatórias para depois dar início às parcerias práticas, que podem envolver cursos e projetos de investigação.
O reitor da UFRR, Roberto Ramos, garantiu que a sua instituição também está a apostar na internacionalização e afiançou que a “relação com a Universidade de Évora vai trazer muitos benefícios”.
A UÉvora, frisou, “é mais estruturada”, pois possui 450 anos de história, o que pode servir de “exemplo para a trajetória académica” da UFRR, “numa parceria que venha a fortalecer o conhecimento produzido pelo Brasil”.
Por outro lado, o reitor realçou que a UFRR, com cinco mil estudantes e 600 professores efetivos, que lecionam 34 cursos de licenciatura, pode contribuir “com o conhecimento amazónico relacionado com questões ambientais e indígenas”.
“Estamos numa região de fronteira” e “meio perto do mundo porque é uma área de interesse internacional. A ideia é mostrar, tanto o saber tradicional da Amazónia, como o saber mais específico”, como a produção de biodiesel “a partir de plantas amazónicas” e a “agricultura sustentável” sem “derrubar a floresta”.
Ao mesmo tempo, devido à forte presença indígena e à própria licenciatura Intercultural, frequentada por alunos de oito etnias, a UFRR pretende apreender conhecimentos de Educação para a Saúde, área de um mestrado que a UÉvora já ministra em Boa Vista, numa universidade privada.
“Para nós, é uma área essencial porque essa é uma grande questão na Amazónia. Os serviços de saúde são extremamente precários e, quando conseguem um grau de sucesso, geralmente é nas áreas urbanas. Só que a área urbana da Amazónia é reduzida, face ao tamanho da região”, sublinhou Roberto Ramos.
RRL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben