Exposição artista francesa Perrine Lacroix :: Casa de Burgos, Évora
Perrine Lacroix escolhe a sala de estilo gótico-mudéjar, no piso térreo da Casa de Burgos, em Évora, para apresentar uma exposição que faz uso da tradição oleira de São Pedro do Corval. Um fluxo de potes de argila ocupa o espaço, simbolizando uma medida temporal que reconstrói a História.
“Dormente de Mó” inaugura dia 17 de outubro, pelas 18 horas, e vai estar patente até dia 17 de novembro. Dia 17 de outubro, pelas 18 horas, inaugura na Casa de Burgos, em Évora, a exposição “Dormente de Mó” da artista francesa Perrine Lacroix. A instalação, concebida no âmbito do novo ciclo de eventos da Trienal no Alentejo, faz uso da tradição oleira de São Pedro do Corval, expondo vasos de cerâmica num fluxo contínuo que simboliza o património cultural presente nos objetos arqueológicos.
“Dormente de Mó” é a expressão arqueológica utilizada para identificar a base dormente de uma mó pré-histórica, mas é também o nome dado ao menir 52 do cromeleque dos Almendres, denominado tradicionalmente “sítio das pedras talhas” – o sítio das pedras em forma de um grande vaso.
Esta artista originária de Lyon esteve no Alentejo em 2013, no âmbito das residências promovidas pela organização da TnA, visitando a indústria da olaria da região de Corval, em Reguengos, e o recinto megalítico dos Almendres, na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe, concelho de Évora, que constitui o maior conjunto de menires estruturados da Península Ibérica.
A partir de uma abertura no fundo da sala no piso térreo da Casa de Burgos, é exposto um fluxo de potes quebrados que desliza para o chão, como se saísse de um forno ou emergisse de escavações arqueológicas no subsolo. Nesse espaço histórico, atualmente a sede da Direção Regional de Cultura do Alentejo, podem encontrar-se blocos de construção pré-romana, bem como vestígios de ocupação islâmica da cidade e, finalmente, peças do português medieval.
Como complemento à instalação “Dormente de Mó”, exibe-se “Winfried”, obra em vídeo de Perrine Lacroix que evoca a fuga da última vítima do muro de Berlim e a sua fatídica viagem em balão rumo a oeste em março de 1989. O filme é uma homenagem à evasão, um escape face ao peso da história marcado por esta exposição.
Perrine Lacroix estudou na Escola Superior de Artes Decorativas de Paris e foi diretora do Museu de Arte Contemporânea de Meyzieu, entre 2000 e 2004. Nas suas obras encontramos termos concretos emprestados ao vocabulário da construção, assim como todos os materiais que são usados. Perrine Lacroix evoca uma transitória suspensão no tempo, através de uma estratégia de deslocamento e desvio de objetos do quotidiano, enquanto metáfora de indeterminação entre o futuro e o passado inacabado.
Trienal no Alentejo
Este projeto insere-se na programação de 2014 da *Trienal no Alentejo*, evento organizado pela Associação Aspas e Parênteses com curadoria de D. André de Quiroga, que tem como objetivo trazer a esta região portuguesa alguns dos mais significativos nomes da cena artística contemporânea. As obras, inspiradas pelo património e imaginário alentejano, são depois produzidas e instaladas na região, mas também fora, em grandes eventos mundiais, tornando-as consequentemente em veículos de promoção e divulgação nacional e internacional da especificidade e riqueza da sua cultura.
Integrado na programação da TnA 2014, prosseguem em Outubro as exposições de Ricardo Calero (“Espaço de Pensamentos II”) e de Rodrigo
Bettencourt (“Museografia”), ambas patentes no Museu de Évora, “Dónde Dormir – Biblioteca”, trabalho em vídeo e fotografia do artista
espanhol Eugenio Ampudia visitável na Biblioteca Pública de Évora, e “Libations”, exposição do artista norte-americano Michael Petry recriada para oPalácio dos Duques de Cadaval, situado em frente ao templo romano.