Gastronomia: 21 chefs mostram no Canadá que a cozinha portuguesa é mais que bacalhau e sardinha
A cidade canadiana de Montreal vai provar a gastronomia portuguesa entre 18 e 28 de Fevereiro, durante um festival internacional com Portugal como país convidado, participando com 21 chefs e 18 produtores de vinho.
Numa cidade onde a comunidade portuguesa ronda as 70 mil pessoas, a cozinha nacional mostra-se para contrariar a ideia de que em Portugal apenas se come bacalhau e sardinhas assadas.
Durante dez dias, 50 restaurantes locais recebem chefs portugueses ou a trabalhar no país, que vão mostrar a sua interpretação da gastronomia portuguesa.
Ao mesmo tempo, cozinheiros canadianos serão desafiados a preparar pratos inspirados nos sabores portugueses, aventurando-se em propostas como “almoços portugueses”, “tradição e inovação portuguesas” ou “tapas portuguesas selvagens e loucas”.
Se o resultado destas experiências gastronómicas é uma surpresa, certa será a presença de vinhos portugueses à mesa, com uma selecção de vinhos do Alentejo, Estremadura, Douro e Beiras.
A cultura também é um prato forte do festival de Luz de Montreal, na 11ª edição, que conta com espectáculos das cantoras portugueses Mísia, Ana Moura e Maria de Medeiros.
Apesar de se tratar da maior comitiva estrangeira de sempre no certame, a presença de Portugal em Montreal não tem o apoio de entidades oficiais portuguesas e só acontece graças ao patrocínio de privados, como os produtores de vinhos, e à mobilização conseguida por Carlos Ferreira, emigrante português instalado há mais de 30 anos naquela cidade e considerado como um embaixador informal da comunidade portuguesa.
“Já gastei muitos milhares de dólares” com este evento, admitiu à Lusa o empresário português, proprietário dos restaurantes Ferreira Café (que acolhe o jantar do cozinheiro português Fausto Airoldi, presidente honorário do festival) e do Vasco da Gama, ambos em Montreal.
O empresário, que foi distinguido pelo Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva, “como um dos grandes empreendedores portugueses da diáspora e embaixador do Portugal moderno”, lamenta a falta de participação das autoridades nacionais, considerando que “ninguém teve o cuidado de analisar” o impacto deste evento.
Para Carlos Ferreira, “Portugal necessita de visibilidade e de exposição de qualidade lá fora” e tem condições para figurar no mapa mundial da gastronomia.
No final do festival, o empresário português espera que “se ultrapasse a ideia” de que em Portugal a ementa se resume a bacalhau e sardinhas.
A comitiva portuguesa é composta por: Albano Lourenço (Arcadas da Capela – uma estrela Michelin), António Nobre (Degust’AR), Henrique Sá Pessoa (Alma), Isabelle Alexandre (Adlib), Joachim Koerper (Eleven – uma estrela Michelin), José Avillez (Tavares – uma estrela Michelin), José Júlio Vintém (Tomba Lobos), Leonel Pereira (Panorama), Ljubomir Stanisic (100 Maneiras), Luís Américo (Mesa), Luís Baena (Manifesto), Marco Gomes (Foz Velha), Nuno Diniz (A Confraria), Paulo Pinto (Belvedere), Pedro Nunes (São Gião), Rita Chagas (Ribamar), Rui Paula (D.O.C), Sergi Arola (Arola), Vítor Claro (Malhadinha) e Vítor Sobral (Tasca da Esquina).
Além da gastronomia portuguesa, o festival tem como cidade convidada Nova Orleães, com participação de alguns cozinheiros desta região norte-americana, enquanto produtos agrícolas e vinicultores do Quebeque também marcam presença, com demonstrações, provas e conferências temáticas, decorrendo em simultâneo espectáculos de música, teatro e dança.
O festival encerra com uma “Noite Branca”, propondo cerca de 175 actividades, na sua maioria de entrada livre e servidas por uma rede gratuita de transportes.
JH.
Lusa/Tudoben