Gastronomia: Primeiro livro sobre o restaurante Fialho de Évora apresentado em Lisboa
A história do restaurante Fialho, em Évora, “uma referência da gastronomia nacional”, é contada pela primeira vez num livro que é apresentado esta quinta-feira na FNAC Colombo e sexta-feira na do Chiado, em Lisboa.
“O Fialho contra tudo e todos manteve-se fiel à gastronomia regional, quando os outros praticavam uma cozinha internacional, o Fialho foi sempre fiel à cozinha alentejana, e na década de 1980 outros começaram a seguir-lhe o exemplo”, disse o autor da obra, Alberto Franco.
Para o investigador, “esta aposta na cozinha regional alentejana foi a chave do sucesso do restaurante” que começou por ser uma taberna, depois casa de pasto, passou a cervejaria e tornou-se restaurante em 1942.
“O Fialho foi pioneiro na região da apresentação de entradas, o que agora faz qualquer restaurante”, destacou.
Alberto Franco conta a história do restaurante partindo do seu fundador, Manuel Fialho, filho de Mariana Letrada, nascido em Évora em 1903.
“Senti a necessidade de ir buscar a história da família, tendo para isso contado com a memória de muitos, mas também contextualizar essa história na do país e da cidade”, explicou o autor.
Defende Alberto Franco que “só se percebe as sucessivas alterações do restaurante eborense pelas conjunturas económico-sociais, pois elas são fruto dessas conjunturas”.
“Por outro lado, acrescentou, havia que enquadrar as lides desta família, dar o contexto da época”.
Alberto Franco recorreu “à memória de muitos, pois nem tudo está escrito e registado”, mas também à imprensa, reproduzindo alguns artigos na íntegra.
A par do texto, há várias fotografais de época, outras de arquivo da família, designadamente de personalidades que comeram no Fialho, e também fotografias de José Manuel Rodrigues que retratam vários pratos ali confeccionados.
O presidente do Conselho de Administração da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, alentejano, assina o prefácio em que salienta ser o Fialho hoje “uma consolidada história de sucesso” que uniu pai e três filhos.
Segundo Granadeiro, o restaurante sobreviveu aos fundadores e “projectou-se em novos espaços de um universo cada vez mais vasto, mercê da harmonia de três irmãos” que “criaram um património que os transcende”.
O álbum editado pela Althum inclui ainda várias receitas de Gabriel e Manuel Fialho, designadamente “Passarinhos fritos”, “Barradinha de borrego”, “Canja de amêijoas”, “Salada de lagosta à Leão de Ouro”, “Tecolameco”, ou “Doce de ovos ferrados”.
Além do restaurante Fialho, surge nesta história o Mascarenhas Bar, aberto pela família em 1952, na Travessa do Mascarenhas, que primava pelo marisco e peixe frescos de Sesimbra, Sines e Setúbal, a carne do talho do Xaxana e os produtos hortícolas “da banda da D. Iria, a melhor do mercado eborense”.
Outro episódio da história de restaurantes da família Fialho foi o Salão de Chá e Restaurante Florbela, em homenagem à poetisa Florbela Espanca, que iniciou actividade na Praça do Giraldo em 1957 e teve o primeiro reclamo luminoso da capital alto-alentejana.
“Como Florbela Espanca tinha sido uma mulher de amores livres, que causaram escândalo na sua época, não tardaram os comentários depreciativos sobre o salão. Ao fim de dois anos, o Florbela fechou”.
Alberto Franco afirmou à Lusa que “esta é uma história do Fialho, a primeira, mas haverá outras perspectivas, até porque há sempre histórias a contar e outras que não se podem contar”.
NL.
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