Greve Função Pública: Paralisações e manifestações
O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, garante que as manifestações e paralisações, que reunirão hoje “muitos milhares” de trabalhadores da função pública, marcam o início de um novo ciclo na luta contra uma “crescente exploração”. |
Associado ao piquete de greve dos serviços municipais de tratamento de resíduos sólidos da Amadora, onde a greve nacional convocada pela intersindical está já a ser sentida a cem por centro no turno da noite, o responsável apelou terça-feira à noite à mobilização contra as novas leis laborais e exigiu que a administração central comece a respeitar as queixas dos portugueses.
“Vamos ter muitas movimentações pelo País, uma manifestação muito forte do sentimento dos trabalhadores, que é de descontentamento e de insatisfação, mas também de descrédito face ao poder, que faz de conta que essas manifestações não se passaram”, afirmou Carvalho da Silva.
“Vamos iniciar um novo ciclo na acumulação de forças e na expressão da mobilização dos trabalhadores. Os trabalhadores e a população portuguesa vão começar a sentir cada vez mais as verdadeiras causas dos problemas com que nos estamos a debater”, acrescentou.
Defendendo que as recentes tentativas governamentais de modernização da administração pública não terão efeitos práticos mas servirão antes para criar “condições de exploração mais intensas” e acentuar a desigualdade da distribuição da riqueza, o líder sindical criticou a actual “política de austeridade” que exige o sacrifício dos trabalhadores e não os recompensa.
De acordo com Carvalho da Silva, Portugal foi o único país dos 27 membros da União Europeia a não registar um crescimento salarial “real” e superior a zero no conjunto dos últimos três anos /2006 a 2008), um “escândalo” que deve ser invertido “urgentemente”.
Para o responsável, a situação torna-se ainda mais “chocante” quando os salários dos grandes gestores privados “duplicaram nos últimos cinco anos”.
“Põe-se o cidadão a pagar mais em nome da austeridade, dizendo que não há dinheiro mas para ir socorrer os interesses dos especuladores, reúnem-se milhões de euros em minutos”, criticou.
Carvalho da Silva sublinhou ainda que o Governo tem vindo a “esconder” os efeitos das novas leis laborais e a manipular a comunicação social mas assegurou que, apesar das dificuldades, as movimentações de quarta-feira são uma afirmação de confiança no futuro.
A potenciar essa esperança estão os primeiros dados da greve dos serviços públicos, divulgados na Amadora perto das 23:00 de terça-feira.
Na altura, pelo menos Évora, Almada, Matosinhos e Amadora estavam sem recolha de resíduos sólidos, um serviço que estava a funcionar apenas entre os 10 e os 20 por cento no Porto, em Braga, no Seixal e no Funchal.
Segundo os sindicatos, a adesão à greve na limpeza urbana da cidade madeirense era de 73,3 por cento, enquanto Braga registava uma adesão total na manutenção nocturna de autocarros.
No caso da Amadora, onde Carvalho da Silva iniciou uma série de participações agendadas para terça-feira e hoje, nenhum dos 70 a 75 trabalhadores do turno da noite do tratamento de resíduos sólidos está a trabalhar, o que impede a saída dos 21 veículos que circulam diariamente no Concelho.
RYC.
Lusa/Tudoben