Guia turístico “sem barreiras” convida a “descobrir” Alentejo e Extremadura espanhola
Os turistas com deficiência, sobretudo motora, ou com mobilidade reduzida vão poder “descobrir”, sem barreiras, o Alentejo e a Extremadura espanhola, através de um Guia de Turismo Acessível que é lançado sexta-feira.
O guia, escrito em português, espanhol e inglês, é apresentado em Portel (Évora) e resulta de um projecto luso-espanhol, co-financiado pelo programa comunitário Leader+.
Intitulado “Rotas Sem Barreiras”, o projecto envolve duas associações de desenvolvimento local alentejanas (Terras Dentro e Esdime) e outras duas espanholas, das comarcas de Olivença (Aderco) e de Tentudía (Cedeco), na província de Badajoz (Extremadura).
O lançamento do Guia de Turismo Acessível “Rotas Sem Barreiras” é o “culminar de todo o projecto”, o qual aposta na “promoção do turismo acessível a todos” nesses quatro territórios, explicou hoje à agência Lusa Manuela Fialho, coordenadora da iniciativa.
“Este guia vai ao encontro de um dos grandes objectivos do projecto, que era apontar um valor acrescentado ao turismo destas regiões, proporcionando um novo produto turístico, acessível a todos e não discriminatório”, disse.
O roteiro apresenta 145 locais turísticos acessíveis, de forma total ou condicionada, a pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida, desde património (como igrejas e museus), alojamentos, restaurantes, actividades de natureza e centros interpretativos ou oficinas de artesanato e de produtos locais.
“A simbologia de acessibilidade total abrange aqueles em que as pessoas podem ser totalmente autónomas, sem precisarem de ajuda, enquanto que, nos de acessibilidade condicionada, as pessoas com deficiência ou dificuldades motoras também podem os podem frequentar, mas precisam de ajuda, por exemplo para que seja colocada uma rampa à entrada de um hotel”, explicou.
O guia, tal como o projecto, incide em 13 concelhos alentejanos (Alcácer do Sal, Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Montemor-o-Novo, Odemira, Ourique, Portel e Viana do Alentejo) e em 19 espanhóis da província de Badajoz.
“O Instituto Nacional para a Reabilitação lançou um guia do género, mas muito mais simples, há uns anos atrás. Actualmente, tirando o ‘Rotas Sem Barreiras’, não há outro guia do género em Portugal, nem em Espanha”, assegurou Manuela Fialho, que integra a associação Terras Dentro.
A coordenadora salientou ainda que, ao contrário de outras experiências, em que “os locais são ‘vendidos’ enquanto acessíveis e, depois, têm uma série de barreiras”, este guia “não corre esse risco”.
“Os locais que constam do guia foram validados e testados por pessoas em cadeiras de rodas, tendo a apreciação sido bastante positiva”, afiançou.
No início do projecto foi feito um diagnóstico sobre as acessibilidades aos locais com maior potencialidade turística nos quatro territórios, seguido de um relatório de recomendações, indicado as alterações a efectuar para que pudessem integrar a “Rotas Sem Barreiras”.
“As pessoas interessadas aderiram ao projecto e investiram na correcção das deficiências detectadas, por exemplo nas casas de banho ou nas acessibilidades ao próprio edifício”, tendo as entidades promotoras confirmado depois as adaptações realizadas, acrescentou.
Além disso, o “Rotas Sem Barreiras” promoveu acções de formação dirigidas a empresários, técnicos e agentes locais ligados ao turismo, para os sensibilizar para a recepção e atendimento a pessoas portadoras de deficiência.
As autarquias dos concelhos incluídos na rota, três associações de deficientes do Alentejo, as extintas Regiões de Turismo de Évora e da Planície Dourada (Beja) e o Instituto Nacional para a Reabilitação foram os parceiros da iniciativa.
O projecto, no qual foram investidos perto de 270 mil euros, segundo Manuela Fialho, poderá agora ter continuidade no actual período de fundos comunitários: “Não queremos uma rota estanque, mas sim ir mais longe e enriquecê-la com novos locais turísticos acessíveis a todos”.
RRL.
Lusa/Tudoben