Lince ibérico: Alentejo poderá acolher animais dentro de “três a quatro anos”
Portalegre, 18 Dez (Lusa) – O presidente do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) revelou hoje que o Alentejo poderá receber linces ibéricos dentro de “três a quatro anos”, desde que sejam criados habitats naturais para o efeito.
“No espaço de três a quatro anos poderemos ter linces ibéricos no Alentejo, depende de como irá decorrer o projecto que estamos a desenvolver nesse sentido”, disse Tito Rosa à agência Lusa.
O projecto Vallia integra um plano de gestão de habitat, concebido e implementado em parceria com proprietários, produtores florestais, agricultores, caçadores, organizações não-governamentais de desenvolvimento e de ambiente e a administração pública.
Tem como finalidade contribuir para a recuperação de habitats favoráveis à presença de lince ibérico, valorizar a troca de experiências e o envolvimento de agentes locais na recuperação destes habitats e divulgar práticas de gestão adequada do matagal mediterrânico.
Para que isso seja uma realidade, estão a decorrer várias reuniões com um conjunto de entidades para iniciar uma estratégia de intervenção em habitats localizados nas regiões de Portalegre, Vale do Guadiana, Mourão (Évora) e Barrancos (Beja).
“Estamos a mostrar aos proprietários, agricultores, caçadores, entre outras entidades, como se pode criar estes habitats sem perder rendimento, antes pelo contrário. Este projecto é interessante, uma mais-valia para todos”, sublinhou o responsável do ICNB.
De acordo com os responsáveis, estas zonas do Alentejo podem ser eleitas para acolher linces ibéricos pelas “características” de vegetação, fauna e flora que apresentam.
Esta iniciativa do ICNB está inserida no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). O investimento ascende a 330 mil euros, tem co-financiamento do FEDER (em cerca de 200 mil euros) e apoio do INALENTEJO.
O projecto teve início em Setembro deste ano e terminará em Agosto de 2011. “O programa tem a duração de dois anos, mas vai ter que ser um trabalho continuado e era bom que ao fim de três anos tivéssemos um território no Alentejo, com mais de 10 mil hectares, para receber os linces”, declarou Tito Rosa.
Para que a presença do lince ibérico venha a ser uma realidade no Alentejo, deverão ser instalados abrigos, comedouros e bebedouros para coelho bravo, a espécie-presa do lince-ibérico, nas diversas regiões eleitas para acolher o projecto.
A criação de clareiras, a instalação de sementeiras, a recuperação da vegetação ribeirinha, a implementação de sebes e de comunidades arbustivas e a reprodução e repovoamento de coelho bravo, são outros factores a ter em conta.
O ICNB tem como parceiros neste projecto a Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM), Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC) e Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e ainda o apoio da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
HYT.
Lusa/Tudoben