Mau Tempo: Questões burocráticas adiam realojamento de famílias que vivem junto ao castelo de Campo Maior
Campo Maior, 07 Jan (Lusa) – O presidente da Câmara de Campo Maior (Portalegre), Ricardo Pinheiro (PS), revelou hoje que o realojamento das primeiras famílias afectadas pelo desmoronamento parcial das muralhas do castelo daquela vila alentejana foi adiado até domingo por “questões burocráticas”.
“Tudo leva algum tempo e algumas questões burocráticas inviabilizaram a chegada das tendas. Eu espero bem que até domingo essa questão fique resolvida”, disse o autarca, em declarações à agência Lusa.
Em comunicado enviado na quarta-feira às redacções, o município de Campo Maior assegurava que as primeiras famílias, de um grupo de cinquenta que vivem naquela zona, seriam realojadas no mesmo dia em tendas instaladas na zona industrial.
Essa situação não veio a verificar-se, mas Ricardo Pinheiro acredita que nos “próximos dias” o problema venha ser ultrapassado, graças ao apoio de várias entidades, nomeadamente, do Governo Civil de Portalegre e do Ministério da Administração Interna.
O desmoronamento parcial do monumento ocorreu na madrugada de terça-feira, na sequência das fortes chuvadas que têm atingido a região alentejana nos últimos dias.
O município activou os serviços de Protecção Civil e ordenou o isolamento imediato da zona.
Entretanto, os moradores das habitações precárias em risco de ruir continuam preocupados com a segurança no local e principalmente com as crianças que continuam, sistematicamente, a brincar nas zonas mais críticas.
“As crianças correm aqui vários riscos, bem como os restantes habitantes. Tem sido difícil controlar as crianças que continuam a brincar no sítio onde ocorreu a derrocada”, declarou à Lusa Vicente Grilo um dos moradores mais antigos daquela zona.
“É uma sorte não ter ainda aqui morrido uma criança”, sublinhou.
A viver há mais de 50 anos naquele bairro degradado, Vicente Grilo revelou ainda que, ao longo dos anos, várias crianças já caíram das muralhas e que ficaram feridas com alguma gravidade.
“Já houve aqui várias crianças que caíram das muralhas, várias situações graves que tiveram que ser resolvidas no hospital”, declarou.
Entre as ruas estreitas e enlameadas, onde as crianças improvisam as suas brincadeiras junto do lixo acumulado, os adultos que por ali passam os dias em redor de fogueiras acreditam que, em breve, o município vai encontrar uma solução para o problema que os afecta.
Enquanto isso não sucede, a indignação marca o quotidiano de mais de duas centenas de pessoas de etnia cigana que vivem em condições “impróprias” no interior das muralhas do castelo daquela vila alentejana.
HYT.
Lusa/Tudoben