Minas: Câmara de Castro Verde solidária com greve dos trabalhadores de Neves-Corvo
Castro Verde, Beja, 18 fev (Lusa) – A Câmara Municipal de Castro Verde (CDU) manifestou-se hoje solidária com “a luta” dos trabalhadores da mina de Neves-Corvo, que estão em greve desde terça-feira, e apelou “ao diálogo entre as partes”.
Numa moção do executivo hoje divulgada, a Câmara manifesta “solidariedade e apoio aos trabalhadores em luta” e “apela ao diálogo” entre trabalhadores e administração da concessionária da mina, a Somincor, “com vista à rápida resolução dos problemas”.
A moção foi aprovada por unanimidade na reunião do executivo da Câmara de Castro Verde, que decorreu quarta-feira, um dia após os trabalhadores da Somincor terem começado uma greve de duas horas diárias no início de cada turno, às 06.00, 08:00, 14:00 e 22:00, e por tempo indeterminado.
Através da greve, os trabalhadores reivindicam um aumento de cem euros no subsídio de fundo, que é atribuído aos trabalhadores que trabalham no fundo da mina, “o pagamento dos 50 por cento em falta da compensação do dia de Santa Bárbara” de 2009 e “a garantia do pagamento da compensação na totalidade este ano e nos próximos anos”.
Até hoje, a adesão à greve “contínua acima dos 90 por cento nos turnos das 06.00, 14:00 e 22:00”, que abrangem os trabalhadores do fundo da mina, onde “o descontentamento é maior”, disse à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), Jacinto Anacleto.
No turno das 08:00, que abrange os trabalhadores à superfície, só abrangidos pela reivindicação relativa à compensação do dia de Santa Bárbara, “a adesão é fraca”, disse o sindicalista, referindo que a greve está “a afetar e muito a produção” da Somincor.
“Temos conhecimento que vai faltando matéria-prima à superfície para ser tratada nas lavarias”, disse, referindo que “as lavarias estão a funcionar mas com pouco minério”.
Ao terceiro dia de greve, o STIM e os trabalhadores “ainda não obtiveram feedback da administração” da Somincor, portanto “vão continuar a luta e manter a greve”, disse Jacinto Anacleto.
Num comunicado emitido terça-feira, a empresa Lundin Mining, proprietária da Somincor, informa que os trabalhadores “exigem aumentos salariais na ordem dos 17 por cento sobre o salário base” e que a administração “rejeitou a reivindicação e fará todos os esforços para reduzir o efeito da greve”.
O vice-presidente da Lundin Mining, João Carrelo, diz que os responsáveis da empresa estão “dececionados com a posição de uma parte dos colaboradores, porque no mês passado tiveram aumentos acima da inflação e bem acima da média nacional”.
A Lundin Mining refere ainda que a Somincor “vai continuar a produção de concentrados, utilizando a extração e os stocks existentes à superfície” e que “a quantidade da produção que pode ser perdida está a ser avaliada e dependerá de uma série de fatores, incluindo a duração da greve”.
A Somincor tem cerca de 900 trabalhadores e produz mais de dois milhões de toneladas de cobre em bruto, por ano.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben