Minas/Aljustrel: “Verdes” querem fiscalização “mais efectiva” de impactes ambientais

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O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) advertiu hoje o Governo para monitorizar e fiscalizar “de forma mais efectiva” os impactes ambientais da exploração mineira em Aljustrel, sobretudo a formação de poeiras e o tratamento dos efluentes.

    “Esperamos que o Governo não se descarte das suas responsabilidades e monitorize e fiscalize, de uma forma mais efectiva, os impactos ambientais da mina de Aljustrel”, disse hoje à agência Lusa o deputado do PEV, Francisco Madeira Lopes.

    O deputado falava no final de uma visita hoje ao complexo mineiro de Aljustrel e que incluiu reuniões com técnicos da empresa concessionária, a Pirites Alentejanas (PA), e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).

    Apesar de se manifestar “agradado” por a PA “ter os seus próprios mecanismos para monitorizar e controlar os impactes da mina”, Francisco Madeira Lopes defendeu uma fiscalização externa.

    “Deve ser uma entidade externa, de preferência sob a tutela do Ministério do Ambiente, a fazer as análises necessárias, a fiscalizar e a monitorizar os impactos da mina para garantir a saúde pública e a qualidade ambiental da zona”, disse.

    “É a saúde das populações e a qualidade ambiental que estão em causa”, alertou o deputado, mostrando-se “preocupado” com as poeiras contendo pó de sílica, prejudicial à saúde, provenientes do complexo mineiro de Aljustrel e que se têm “espalhado” pela vila.

    Além das poeiras, Francisco Madeira Lopes mostrou-se também preocupado com “eventuais contaminações de lençóis freáticos na zona”, já que, segundo o deputado, os efluentes provenientes da lavagem do minério no complexo de Aljustrel “estão a ser depositados numa barragem que não está totalmente impermeabilizada”.

    As poeiras, que se levantam na lavaria da mina, durante os processos de britagem (trituração) e de stockagem (queda no parque) do minério em bruto, “têm-se espalhado pelo complexo mineiro e por algumas zonas de Aljustrel”, contou à Lusa Luís Sequeira, do STIM, que alertou, na semana passada, sobre eventuais riscos para a população.

    Após o alerta do STIM, o administrador-delegado da PA, Guy Lauzier, reconheceu “a existência de empoeiramento proveniente da operação” da empresa, mas em níveis que “não são considerados perigos graves para a população de Aljustrel”.

    Segundo o responsável, desde o início da operação da lavaria da mina e de acordo com a lei, a PA tem a funcionar o controlo de poeiras, através de três amostradores de partículas PM10 (em suspensão, inaláveis e com diâmetro igual ou inferior a 10 micrómetros).

    Através daquele controlo, garantiu Guy Lauzier, o valor limite diário de partículas PM10 “para a protecção da saúde humana”, que é de 50 microgramas por metro cúbico, “nunca foi atingido desde o início da operação da lavaria”.

    Além de outras medidas já tomadas para “minimizar” as poeiras, como a redução das horas de britagem do minério, Guy Lauzier garantiu que, para “aumentar as medidas de protecção”, a PA vai instalar, “a curto prazo”, uma “manga telescópica na queda do minério no parque”.

    “Uma manga pode ajudar a minimizar a formação de poeiras, mas resta saber se será suficiente”, disse Francisco Madeira Lopes, frisando que a administração da PA “admite que não será suficiente” e “já está a estudar outras medidas”.

    Segundo Francisco Madeira Lopes, a advertência, as preocupações e os alertas do PEV, acompanhadas de pedidos de esclarecimentos, vão ser enviados ao Ministério do Ambiente, através de um requerimento que deverá ser entregue ainda esta semana na Assembleia da República.

   

    LL.

    Lusa/Tudoben

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