Moura testa maior radiotelescópio do mundo e pode tornar-se plataforma para desenvolvimento da radioastronomia

Views: 830

estrelasO concelho alentejano de Moura vai servir para testar protótipos do maior radiotelescópio do mundo, a instalar no hemisfério sul, e pode tornar-se uma plataforma para o desenvolvimento da radioastronomia, admitiu hoje um investigador ligado ao projeto.

Antes da construção do “gigante” SKA (Square Kilometre Array), numa região da África do Sul ou da Austrália, os protótipos vão ser instalados e testados na Herdade da Contenda, em Moura, a partir do próximo Verão.

“Moura é o melhor local da Europa para se fazer radioastronomia” e os testes do SKA “podem servir de alavanca” para o concelho “apostar” no seu “potencial” e tornar-se uma plataforma para o desenvolvimento da radioastronomia, disse à Lusa Domingos Barbosa, membro europeu do comité do projeto.

Segundo o docente da Universidade de Aveiro, a infraestrutura para testar o SKA ficará instalada na Contenda e “é natural que Moura, com apoio internacional, continue a ser usada para testar tecnologia, instalar pequenos radiotelescópios e fazer radioastronomia”.

Além de “um espetro radioeléctrico limpo, com muito baixo ruído e poucas interferências”, Moura, com “a maior radiação solar da Europa e temperaturas altas durante grande parte do ano, tem um clima muito semelhante” às dos países candidatos a receber o SKA e “as condições propícias para testar os protótipos”.

Além dos “valores inteligíveis”, através da visita de cientistas, frisou, Moura vai ter “mais-valias económicas”, porque a empresa municipal Lógica, através do seu laboratório de investigação, vai participar nos testes.

A Lógica “vai testar e produzir componentes das soluções de energia solar” para alimentar os protótipos e as empresas de metalomecânica de Moura “poderão construir partes metálicas das estruturas”, disse o docente.

“Isto é investimento económico que pode traduzir-se na criação de emprego”, estimou.

A Lógica “vai esforçar-se” para que alguns dos equipamentos das estruturas dos protótipos “possam ser construídos em Moura”, disse o administrador-delegado da empresa, Vítor Silva, que também espera que, a partir dos protótipos, “se possa avançar com outros projetos de investigação para se produzir ciência em Moura”.

“É muito provável que o projeto na Contenda permita o desenvolvimento de estruturas associadas à radioastronomia em Moura”, admitiu.

O projeto do SKA, orçado em 1,5 milhões de euros, envolve 19 países e poderá “revolucionar o conhecimento e permitir descobertas inesperadas sobre a evolução do universo, frisou o docente.

“A Europa vai dotar-se de uma tecnologia capaz de rastrear o universo 100 a 500 vezes mais rápido” e o SKA será “50 vezes mais sensível do que os atuais radiotelescópios”, disse.

O SKA vai permitir observar e cartografar as primeiras estrelas e galáxias, mapear fenómenos violentos no universo, como buracos negros, detetar riscas de moléculas precursoras de vida em sistemas planetários distantes e vida inteligente no universo.

A construção do SKA deverá começar em 2014, as primeiras observações estão previstas para 2017 e o radiotelescópio poderá começar a funcionar em pleno até 2022.

O SKA irá ocupar 3000 quilómetros, terá 2500 antenas parabólicas e 250 estações e poderá cobrir uma “ampla gama de frequências” entre os 30 megahertz e os 20 gigahertzs.

LL.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Tudoben

Comments: 0