Música: Orquestra Sinfónica Portuguesa realiza primeira digressão internacional na China
Dezasseis anos depois da sua fundação, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) inicia terça-feira a primeira digressão internacional, com uma série de seis concertos na China, incluindo Macau e Pequim.
Numa coincidência inédita, outra orquestra nacional, a Metropolitana de Lisboa, começa na mesma data outra digressão também pela China, embora os dois agrupamentos nunca se cruzem.
Os 66 músicos da OSP, um dos corpos artísticos do Teatro Nacional de S. Carlos, vão ser dirigidos pela maestrina Julia Jones em quatro das actuações e pelo maestro Joahnnes Stert nas duas que decorrerão na capital chinesa, Pequim, de acordo com o programa da deslocação.
A digressão começa pela cidade de Guangzhou (dois concertos, terça e quarta-feira), seguindo depois para Foshan (quinta-feira), onde tocam na noite de passagem do ano, num concerto que será transmitido em directo para toda a China através de um canal de televisão.
Segue-se Macau (sábado) e Pequim (dias 05 e 06 de Janeiro), onde termina a digressão.
A OSP apresenta-se com dois programas diferentes, que incluem obras dos compositores Mendelssohn Eduard Strauss, Josef Strauss, Johann Strauss II, Mozart, Vaughan Williams, o português Joly Braga Santos e Beethoven.
A deslocação das duas orquestras portuguesas vem confirmar a importância que a China tem vindo a conquistar a nível mundial no campo da música erudita.
A confirmá-lo está o facto de nesta quadra passarem por Pequim formações como a Vienna Festival Phillarmonic Orchestra, a Dresden Phillarmonic, a Symphonia Vienna e a London Phillarmonic Orchestra.
Quanto à passagem de músicos nacionais por Pequim, os mais antigos membros da pequena comunidade de 70 portugueses residentes em Pequim recordam-se de, nas últimas três décadas, terem actuado na cidade apenas uma dúzia de artistas, entre os quais Carlos Paredes, Maria João Pires, Adriano Jordão, Mário Laginha, Pedro Burmester e o maestro Miguel Graça Moura.
Quanto a orquestras sinfónicas, a da Gulbenkian terá sido a única, na década de 1980, mas pequenos agrupamentos como o Opus Ensemble, Miso Ensemble, Trio de Laurent Filipe e Telectu também já tocaram em Pequim.
Durante a década da “Grande Revolução Cultural Proletária” (1966-76), a música ocidental esteve praticamente banida da China e Beethoven, por exemplo, chegou a ser considerado “um compositor burguês e reaccionário”.
As grandes orquestras internacionais só começaram a actuar regularmente na China depois do Partido Comunista Chinês adoptar a politica de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior”, em Dezembro de 1978.
AMN/AC.
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