O Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre apresenta: Elomar
Minha obra não é medieval. Apenas parti da Idade Média para chegar à contemporaneidade, evitando dar seqüência à escalada – Idade Média, Renascença, classicismo, romantismo, modernismo, pós-modernismo e contemporaneidade – O que todos os artistas de todas as áreas, em todos os lugares e em todos os tempos fizeram. Minha música é contemporânea. Canto o que vejo, o que ouço e o que escuto de quadras remotas. A grande confusão que fazem quando se trata dela, é que poucos atentos perceberam, que ao mesmo tempo que falam do momento também o faço do que foi e do que será, do passado, do porvir. Meu canto é ancestral e ao mesmo tempo atemporal.” Elomar Figueira Mello |
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Ter. 30 de Setembro – Elomar
Grande Auditório
Inicio 21.30h
Preço único 10 euros
M/4 anos
Elomar Figueira Mello, longe dos mecanismos que projectam uma imagem fabricada da cultura brasileira, especificamente a que trata do sertão brasileiro, conserva inabalável uma postura de resistência a todas as formas de comercialização da arte, a partir dos seus discursos, modus vivendi e da sua linha composicional, que delineiam a sua identidade própria.
A princípio, pode-se vislumbrar na figura do artista, um trovador, como os troubadour, trouvère, a exemplo de um Bernard de Ventendort, de John Dowland na Inglaterra, dos mastersingen e minesingen na Alemanha. Personagem esse, que desde tempos remotos da antiguidade, com os aêdos e harpistas gregos e Hebreus, permeia a História, florescendo na alta Idade Média, atingindo os nossos tempos. Tal personagem encontra no Sertão do Brasil um autor que condensou não somente a sua imagem, mas imprimiu essencialmente na sua obra parte dos tesouros culturais que hoje conhecemos como a cultura Ibérica no Brasil.
Segundo o jornalista João Paulo, na obra de Elomar não se percebe um artista erudito que trabalha temas populares, muito menos um compositor popular que recheia as suas inspirações com artifícios composicionais e poéticos da tradição culta. O seu trabalho tem uma natureza híbrida quanto aos qualitativos erudito e popular, conservando sempre um grau de elaboração, porém sem perder a simplicidade que possibilita um diálogo directo com o público.
Na altura de seus 70 Janeiros, Elomar já tem concluído um caderno com mais de 60 canções, recentemente publicado em partitura, nas quais encontramos canções que se enquadram na categoria dos Lieder, em densidade; canções que na contemporâniedade trazem no seu âmago a equivalência das Cantigas de Amigo, de Escárnio e Maldizer, e das canções de gesta; canções essencialmente Sertanezas, com modos nordestinos típicos, carregadas de dialecto local; três óperas; seis Antífonas para orquestra, cantores líricos solistas e coro (Cantatas Sacras Sertanezas); Peças para violão solo; violão e orquestra; Poema Sinfônico, sendo que toda a parte da sua produção orquestrada tem o seu modo próprio, sem a influência da tradição académica.
Já tendo diversas gravações, Elomar Figueira Mello têm-se apresentado desde 1975 por todo o território brasileiro, como menestrel, acompanhado por orquestras, quintetos, quartetos e outras formações sinfônicas e de câmara em várias cidades brasileiras. Das poucas vezes que saiu do seu país, realizou apresentações em Martinica (86), na antiga Alemanha Ocidental, também em 1986, foi convidado para representar o Brasil no Festival Ibero-Americano, gravando ao vivo um LP intitulado “Dos Confins do Sertão”, que recebeu da crítica, na opinião de 70 jornalistas, o prémio de melhor disco estrangeiro do festival. Em Portugal (2003), a convite da pianista Maria João Pires, apresentou um concerto na Granja de Belgais, além de realizar apresentações também em Castelo Branco, Serpa e Évora.
Em 2008, Elomar inaugurou a sua fase de romancista com o lançamento de “Sertanílias”, seu primeiro Romance de Cavalaria, um género há muito tempo adormecido nos dias de Alexandre Dumas. O romance promete marcar a literatura contemporânea pelo seu discurso contundente, pela narrativa dinâmica e inovadora que se constrói numa estrutura peculiar – argumento para cinema e romance. Tudo é tecido numa fusão harmónica, uma trama que instiga a leitura, que provoca a pesquisa. Um texto que vai buscar em expressões latinas o purismo da língua, que arranca do anonimato e traz para o palco da lingüística o dialecto “sertanez brasileiro”, em diálogo constante com o português vernáculo. Uma obra que promete chamar a atenção da crítica literária e dos pesquisadores pela quebra de paradigmas, não só na sua forma e conteúdo, mas principalmente por trazer à tona perguntas sobre velhos conceitos e teorias. “Sertanílias” discute o ser e o existir, o espiritual e o material sob um novo olhar, que aborda a formação do homem, passando pelas teorias de Euclides, até à física quântica. Um livro que faz imaginar os castelos medievais, que nos leva ao encontro de príncipes e princesas, que nos faz viajar no mundo dos tropeiros, que nos leva ao futuro no galope do cavalo “alado” de Sertano.
A Fundação Casa dos Carneiros
A ASSOCIAÇÃO CULTURAL FUNDAÇÃO CASA DOS CARNEIROS nasceu com a finalidade de promover uma acção cultural e artística a favor da preservação da memória e das obras de Elomar Figueira Mello, além da detecção, resgate, preservação, execução e divulgação da música culta produzida no Brasil. Agregam-se a esses objectivos o sentido educativo e da difusão cultural sertaneza, a partir da obra de Elomar, tendo esta como fio condutor uma gama de manifestações, saberes e fazeres próprios da cultura do Sertão brasileiro.
Voz e violão – Elomar
Violão clássico – Maestro João Omar
Uma iniciativa conjunta da associação portuguesa ETNIA e da Fundação Casa dos Carneiros, em parceria com a associação OCRE e com o Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre.
CENTRO DE ARTES DO ESPECTÁCULO DE PORTALEGRE
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