O festival de todas as artes e culturas regressa às ruas de Évora – 28 de julho a 14 de agosto de 2022

Após dois anos de interregno, o festival Artes à Rua está de regresso e retoma os já
habituais diálogos interculturais: a música, a dança, o teatro, a performance, o circo
contemporâneo e as artes visuais fazem parte do programa que de 28 de julho a 14 de
agosto anima o espaço público da cidade de Évora com um total de 52 espectáculos. A
programação resulta, em parte, de residências artísticas que unem artistas eborenses e
criadores de várias disciplinas e nacionalidades. Destes encontros, assentes no respeito
pelas diferenças sociais, étnicas, sexuais, religiosas ou estéticas de cada um, que fazem
do Artes à Rua um lugar de Paz, nasceram dois espectáculos que são estreias absolutas
nesta quarta edição.
REVOADA, o espectáculo de abertura que terá lugar no dia 28 de julho, pelas 21h30, é
um exemplo da diversidade gravada no ADN do festival. Num encontro entre o Alentejo
e a África Austral, a cantora moçambicana Lenna Bahule, e músico alentejano da Raia,
eborense por adopção, António Bexiga, viajam no tempo e no espaço, unindo sons,
histórias, memórias e tradições numa apresentação de voz, cordas, corpo e chão.
A segunda estreia resulta de uma residência artística que une Soukaina Fahsi e os
Cantares de Évora com direção artística de Carlos Menezes, compositor e músico de
Estremoz, eborense de adopção. A magrebina de El Jadida, em Marrocos, e o grupo
dedicado ao Cante Alentejano, Património Imaterial da Humanidade, darão expressão a
um encontro entre as sonoridades sufi do Magreb e as polifonias modeladas no trabalho
duro nos campos do Alentejo no dia 13 de agosto, também às 21h30.
Para além das residências artísticas, há muito para ver e ouvir no Artes à Rua 2022. Nos
dias 29 e 30 de julho, O Bairro volta à cidade, com curadoria de Rui Miguel Abreu, diretor
da revista digital Rimas e Batidas e colaborador do Expresso, Blitz e Antena 3. O
movimento artístico de expressões urbanas terá, nesta edição, um foco na palavra,
entendida de diferentes ângulos, sob várias formas. A programação inclui DJ sets de DJ
SIMS, M3dusa e Gijoe, gravações ao vivo de programas de rádio e podcasts – Tape Delay
de DarkSunn e Rimas e Batidas de Rui Miguel Abreu com Capicua –, poetas e artistas de
spoken word (Nerve e Alice Neto de Sousa) e ainda os concertos de Ana Tijoux, uma das
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figuras chilenas da sua geração com maior relevo internacional, Perigo Público +
Sickonce, Pródigo, Mazarin + Amaura e M.A.C. + Blasph.
TEM GRAÇA, o Festival Internacional de Mulheres Palhaças programado por Susana
Cecílio, diretora da Algures – Coletivo de Criação, apresenta quatro espectáculos de
clown entre os dias 5 e 7 de agosto, dando espaço a um encontro de mulheres palhaças
de todo o mundo. B.O.B.A.S. de Lisa Madsen, Jimena Cavalletti e Laia Sales pode ser visto
no dia 5 de agosto, no dia 6 de agosto há UMANA de Mireia Miracle e ROJO de Maria
Simões e no dia 7 de agosto, INTO THE WILD de Pina Polar.
De entre os grandes artistas nacionais em cartaz, destacam-se, entre outros, MARO, a
cantora que representou Portugal no Festival da Canção em 2022 e que atua a 3 de
agosto; a 9 de agosto, Club Makumba, projeto musical de Tó Trips (Dead Combo, Lulu
Blind) e João Doce (Wraygunn), a que se juntam agora Gonçalo Prazeres e Gonçalo
Leonardo; a 11 de agosto, Bateu Matou, um super grupo que junta tambores e
computadores, formado por Ivo Costa (Batida, Sara Tavares), Quim Albergaria (Paus) e
Riot (Buraka Som Sistema) e a 14 de agosto, Dino D’Santiago, músico que quase dispensa
apresentações, natural de Quarteira, e que é hoje uma voz do mundo, trabalhando a
tradição cabo-verdiana com o peso contemporâneo da eletrónica global.
As músicas de Cabo Verde e Moçambique têm uma presença significativa nesta edição
do festival, com nomes como Lenna Bahule, que atua em nome próprio no dia 31 de
julho e apresenta o seu mais recente álbum MCIKA, Mario Lucio Sousa & os Kriols, a 6
de agosto, um espectáculo que conta com um repertório dançante, repleto de ritmos
cabo-verdianos, de Morabeza e Sodade, Lucibela, cantora natural da ilha de São Nicolau,
no barlavento cabo-verdiano, que atua a 8 de agosto, ou, a 14 de agosto, Scúru Fitchádu,
nome artístico de Marcus Veiga, cuja sonoridade afro futurista faz referências diretas à
música cabo-verdiana dentro de uma estética punk, num caminho de aceleração de
batidas cardíacas e eletrónica disruptiva.
Para os mais novos, o dia 31 de julho é dedicado às preocupações ambientais e inclui a
oficina Além Risco, sobre as alterações climáticas, e um concerto do – agora quarteto –
Mão Verde, com Capicua, Pedro Geraldes, Francisca Cortesão e António Serginho. E
como nem só de música vive o Artes à Rua, no dia 4 de agosto, o Coreto Con(Vida), um
espectáculo dirigido por Cláudia Nóvoa, enche o espaço do coreto com músicos,
equilibristas, acrobatas e malabaristas e com a poesia de Eugénio de Andrade e
Fernando Pessoa. A 12 de agosto, Na Rua, da associação cultural Útero, reflete sobre a
cidade, a intimidade e as emoções numa performance teatral. A instalação coloratorum
elementa tubulosae (elementos tubulares coloridos) de Anabela Calatroia permanecerá
no jardim público até dezembro, lembrando, entre outras coisas, a importância das
Artes e da Cultura para encher de cor a vida de quem com elas se cruza.