O turismo recoloca Portugal em destaque no cenário mundial
A vida portuguesa nunca foi fácil. Entretanto, tornou-se certamente mais difícil em tempos recentes, quando o país foi impactado pela crise ocorrida inicialmente no mercado de crédito imobiliário dos Estados Unidos, o que gerou efeitos para mercados e economias internacionais – incluindo Portugal.
Antes da quebra do mercado de subprime, várias instituições de crédito norte-americanas ofereceram empréstimos na forma de hipotecas para clientes considerados de alto risco. Num cenário onde se faziam a baixa taxa de juros, a busca pela expansão constante de mercados e a regulamentação bastante baixa destes mercados, tais instituições lucraram.
Junto com isso, vieram as instituições europeias que compraram títulos destas empresas norte-americanas, estando boa parte deles associados a tais empréstimos. Logo, uma vez que as empresas baseadas nestes títulos começaram a entrar em falência, o que foi visto foi um “efeito dominó”, que pôs em risco o sistema financeiro e, assim, a sustentabilidade da economia mundial.
Em comparação puramente quantitativa, a economia portuguesa está em escala menor do que os países que lideraram a crise, como os Estados Unidos e a Inglaterra. Mas infelizmente, pelas suas dimensões, além de conduções erróneas na política económica em gestões governamentais a priori, o país acabou sendo tomado de rompante pela crise – e, assim, fazendo parte do tal PIIGS, grupo composto por Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, como países fora do centro da Zona do Euro e com economias fragilizadas que poderiam pôr em risco a sustentabilidade não só deles mesmos, como também da própria União Europeia.
Por sorte, a economia portuguesa voltou a tomar ânimo. Os esforços em trazer, dentre outras novas modalidades de negócios, a indústria 4.0, iniciativas ligadas a startups e os casinos online para Portugal foram aliados às reformulações e melhorias feitas nos sistemas educacionais em todos os níveis e, talvez como ponto principal, à exploração da área do turismo por todo o território nacional.
Aqui, o Alentejo acaba por se beneficiar também. Por conta do clima, da segurança e de seus pontos turísticos e históricos, a região atrai cada vez mais turistas. Alguns chegam a estabelecer moradias só para o verão, vendo o Alentejo como uma área que serve de escapatória do constante buzz encontrado nos grandes centros europeus. Além disso, pessoas de várias nacionalidades – muitas delas das nações com as quais Portugal estabeleceu laços mais fortes no pós-crise, como Brasil e China – procuram melhorar as suas vidas e melhorar o país e a localidade ao instalarem-se nas cidades da região.
Os efeitos são palpáveis. De acordo com o estudo “O impacto do Turismo no crescimento regional português”, do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE), associado à Universidade do Porto, foram adicionados, em 2013, 26,4 mil milhões de euros à economia portuguesa por meio do turismo, em conjunto com 860 mil empregos. Isto representa cerca de 16% do produto interno bruto de Portugal à época, além de 19% da população empregada no país.
Desde então, os números do turismo têm aumentado continuamente. De acordo com a matéria do portal Observador, a contribuição da indústria ao PIB português chegou aos 19,1% no ano de 2018. Enquanto as vagas criadas de forma direta ou indiretamente pelo turismo ultrapassaram mais de um milhão. Ao mesmo tempo, dados do portal Terra denotam que o crescimento do PIB português em 2017 em 4% seria negativo em 1% caso o turismo não tivesse esse impacto.
Por isso, é imprescindível que governos locais e nacionais continuem a empreender os melhores esforços para motivar o turismo na região, além da contínua integração com países vizinhos e parceiros por questões históricas ou de ocasião. Mesmo que o turismo possa ser disruptivo no ritmo muitas vezes mais calmo da vida de muitas regiões portuguesas, existe também o diferencial que tem recolocado o país em evidência no palco mundial.
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