Odemira: 12 por cento dos óbitos na freguesia de Sabóia, ocorreram por suicídio.

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odemira_notDuas freguesias de Odemira, que registam elevadas taxas de suicídio, vão ser alvo de um projeto de intervenção que pretende estudar e combater o fenómeno com ações de prevenção.

O presidente da Fundação Odemira, Francisco Antunes, afirmou hoje à agência Lusa que a intenção é “lutar contra a taxa de suicídio existente, particularmente em duas freguesias de Odemira – Sabóia e Santa Clara – que exibem as mais elevadas taxas de suicídio do concelho que tem das mais elevadas taxas da Europa”.

Entre 1992 e 2005, de acordo com um estudo de 2007 do Centro de Investigação Social Aplicada da Câmara Municipal de Odemira, 12 por cento dos óbitos na freguesia de Sabóia e dois por cento em Santa Clara ocorreram por suicídio.

Durante esse período, revela a Fundação que recorre a dados do Instituto Nacional de Estatística, foram registados mais de 207 suicídios em todo o concelho de Odemira.

“Queremos saber quais são as razões pelas quais ocorre este fenómeno, mas depois queremos ajudar a resolvê-las, participando com as pessoas na análise e no estudo dos seus problemas”, adiantou.

“A Vida Vale – Pela vida contra o suicídio” é o nome do projeto que está a ser desenvolvido pela Fundação Odemira e que deverá “arrancar no terreno” em setembro deste ano.

Para o pôr em prática, Francisco Antunes avançou que a Fundação vai recorrer a um conjunto de “mecanismos de proximidade”, contando com o apoio da Cruz Vermelha, de associações locais e das Juntas de Freguesia de Santa Clara e Sabóia.

Neste momento está já a decorrer uma fase de avaliação de famílias de risco, de localizações e de planeamento da intervenção.

Está ainda prevista a constituição de uma equipa de psicólogos para dar “assistência local, permanente e regular”, bem como a criação de uma linha de apoio disponível 24 horas por dia.

Para além disso, a Escola Profissional de Odemira vai também colaborar no sentido de “fazer aproximar os jovens dos mais velhos”, para “procurar estabelecer laços, intercâmbio de culturas e conhecimentos”, mas também para colaborarem na resolução de pequenos problemas práticos do dia-a-dia.

“É um projeto integrado, com valências diferentes, com diferentes atores”, sublinhou Francisco Antunes, que considera que a temática “não está ainda suficientemente investigada”, sublinhando contudo a necessidade de combater o isolamento, que defende estar ligado “à ausência de desenvolvimento”.

Totalmente custeado pela Fundação Odemira, o projeto, que conta com um plano delineado a três anos, obriga a um investimento de 130 mil euros.

A Fundação procura agora mais fundos, tendo em curso uma candidatura a apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e à Bolsa de Valores Sociais.

O projeto “A Vida Vale” é hoje apresentado em Lisboa, na Casa do Alentejo, a partir das 18 horas, no âmbito da semana dedicada ao concelho alentejano, que decorre até sexta feira.

AYN.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Fim.

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