Odemira: 200 moradores de zona rural percorrem “caminho de lama” para chegar a Vila Nova de Milfontes
Odemira, Beja – Cerca de 200 pessoas percorrem diariamente um “caminho de lama” até Vila Nova de Milfontes (Odemira), denunciou hoje uma moradora de uma zona rural situada perto da localidade do Litoral Alentejano, procurada por milhares de turistas no Verão.
Isabel Silva, residente “há mais de 30 anos” em Pousadas Velhas, uma zona rural que fica a cerca de um quilómetro de Vila Nova de Milfontes, disse à agência Lusa que a “estrada está péssima”, alertando que, com “lama por todo o lado”, facilmente o carro “fica atravessado na estrada”.
Indignada com uma situação que, assegura, “se repete todos os anos”, Isabel Silva diz que não sabe como é que a Câmara de Odemira “não tem vergonha” de ter uma estrada “com tanto movimento naquelas condições”, estimando que lá “passam à volta de 300 carros por dia”.
A “solução”, para esta moradora de Pousadas Velhas, que durante o Inverno, enfrenta diariamente um quilómetro de lama para chegar ao local de trabalho, seria “alcatroar a estrada”.
O presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, José Lourenço, diz que o troço em causa é um caminho rural, semelhante a mais 50 quilómetros de caminhos do mesmo género existentes na freguesia, e que, em geral, quando “o tempo melhora, é feita a reparação dos estragos” deixados pela chuva.
“Há cerca de um mês que chove e a Junta de Freguesia, sempre que há uma abertura, tenta melhorar o piso do acesso”, assegurou o autarca que conta cerca de 200 residente naquela zona rural.
O autarca revelou, no entanto, que o troço em causa, com um total de quatro quilómetros de extensão, “tem sido alvo de várias tentativas, do município e da própria Junta de Freguesia,” para tentar “solucionar o problema”, sendo ponderada inclusivamente a “pavimentação”.
“Mas, estamos a falar numa zona extremamente sensível e que é Parque Natural e o município não pode fazer nada sem autorização do Parque Natural da Costa Vicentina e do Sudoeste Alentejano”, disse, afirmando que o Parque Natural se opõe “determinantemente a que essa via seja pavimentada”.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, argumentou que o caminho “nunca foi pavimentado porque nunca houve condições para isso”, esclarecendo que, para além de estar “em Parque Natural”, na rede municipal “está classificado como caminho rural”, portanto não faz parte da “rede fundamental”.
“Se fosse uma estrada classificada, aí a Câmara podia e devia pavimentar, mas não é, é um caminho rural que para ser pavimentado precisa da autorização do Parque Natural, situação que não ocorreu”, justificou, exemplificando com uma das muitas situações idênticas que diz existirem no concelho, falando num caminho entre as localidades de Zambujeira do Mar e do Brejão.
“A Câmara não pode chegar lá e pavimentar sem articulação com as entidades”, concluiu, acrescentando que, além disso, obras deste cariz envolvem “verbas muito grandes” e que “sem parecer favorável do Parque Natural, não é possível “apresentar candidaturas a fundos da Uniao Europeia”.
AYN.
Lusa/Tudoben