Pecuária: Cavalos ferrados com azoto liquido afastam tradição de ferra a fogo

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cavalo_notPortalegre – A tradição em Portugal ordena que os equinos e os bovinos sejam ferrados a fogo, mas um método considerado “inovador”, à base de azoto líquido, está a substituir o antigo processo, considerado mais doloroso para os animais.

Em declarações à agência Lusa, Rui Martelo, médico veterinário que está a iniciar a aplicação deste processo na região de Portalegre, explicou que o método está a ser “bastante utilizado” em Espanha e que, nesta altura, está a dar os “primeiros passos” em Portugal.

“É um processo que já se utiliza noutros países e que, neste momento, nós estamos a tentar implementar nesta zona (Alto Alentejo), uma vez que é um processo menos doloroso para os animais”, sublinhou.

A grande maioria dos equinos e bovinos são ferrados na fase “jovem” das suas vidas, na região da coxa direita, com as iniciais do criador/exploração agrícola a que pertencem.

A ferra do gado é uma tradição do mundo rural, mantida ainda na actualidade por muitos produtores pecuários.

Até aos dias de hoje, o único método utilizado pelos produtores passava pela aplicação do ferro em brasa, mas a técnica à base do azoto líquido (ferra a frio) está a ganhar simpatizantes.

De acordo com Rui Martelo, este novo processo, executado a partir de azoto líquido que se encontra a 196 graus negativos, queima as células que estão na pele (monóxidos) dos animais, que produzem, por sua vez, o pigmento que dão a cor ao cavalo ou bovino.

“Ao queimar esses monóxidos eles não produzem o pigmento e quando nasce o pelo novo, nasce branco, por isso este método só é utilizado em cavalos ou bovinos de cor”, sublinhou.

De acordo com o veterinário, esta técnica não é aplicável aos cavalos russos (brancos) ou a bovinos claros porque o ferro fica “com a cor branca”.

“Os animais toleram mais a presença do ferro a frio. É uma técnica a evoluir”, sublinhou.

Este sistema, que está também a ser aplicado nos bovinos de carne (para alimentação), é mais “trabalhoso” que o ferro a fogo, porque a zona onde vai ser aplicada a ferragem com as iniciais do criador/exploração agrícola tem que ser, antecipadamente, rapada para que o ferro fique bem vincado.

Esta técnica foi recentemente aplicada numa herdade, nos arredores de Nisa (Portalegre), durante a apresentação da “Lusitano Selection”, uma associação informal que junta seis criadores de puro-sangue Lusitano, com o objectivo de promover esta raça portuguesa e as suas coudelarias em particular.

Manuel Duque, um dos criadores envolvidos no projecto “Lusitano Selection”, considera este novo método “vantajoso”, corroborando da opinião que “assim os animais não sofrem tanto”.

HYT.

Lusa/Fim

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