Santiago do Cacém: Concurso local leva artesão a reproduzir capelas e igrejas do concelho em miniatura

Um artesão do concelho de Santiago do Cacém, que já fez centenas miniaturas em 17 anos, dedicou-se nos últimos dois a reproduzir as igrejas e capelas de Santiago do Cacém, tudo por causa de um “desafio”.

A primeira igreja que Sidónio Neves construiu em miniatura foi a do local onde nasceu há 67 anos, a Capela de São Sebastião.

A construção das 14 igrejas e capelas de todo o concelho começou num desafio.

Habituado a participar no concurso anual da Feira do Monte, que se realiza no mês de setembro, em Santiago do Cacém, Sidónio não ficou satisfeito por não conseguir o primeiro lugar e anunciou ao vereador das Atividades Económicas: “para o ano vai dar-me o prémio a mim!”

E assim foi. Em outubro de 2008 meteu mãos à obra e passados menos de dois anos já conta com dez réplicas construídas e com a promessa cumprida de ganhar o prémio de Melhor Peça de Artesanato 2009, com a Igreja Matriz de Santiago do Cacém a ser a contemplada.

A reforma aos 50 anos de idade – com 38 anos e cinco meses de trabalho cumprido, fez questão de frisar – levou Sidónio a procurar uma ocupação, além da pesca, tendo começado por fazer miniaturas de carroças em madeira.

Entre as réplicas das igrejas, distribuídas pelas três divisões do primeiro andar da sua moradia nos arredores de Santiago do Cacém, encontram-se alguns exemplares das cerca de 200 carroças que já construiu.

À espreita por baixo de um lençol está a mais recente reprodução do artesão, guardada no “segredo dos deuses” até ao próximo concurso.

São quatro as igrejas que lhe faltam para completar a coleção: as de Alvalade, São Domingos, Cercal do Alentejo e Abela.

Recorrendo a esferovite, plástico, tinta, betume, arame, barro, madeira e pedra, o artesão vai variando os materiais consoante o trabalho que tem em mãos, procurando sempre a melhor solução para se assemelhar o mais possível ao edifício original.

“O que as pessoas mais admiram aqui são as telhas”, afirma, explicando que corta uma a uma, as peças de plástico, que são depois coladas e pintadas, lembrando-se que contou 1894 telhas numa das igrejas e 1590 noutra.

Afirmando que não é cristão, apesar de ser batizado, Sidónio assegura que, apesar de já ter recebido propostas, as igrejas não estão à venda: “Não há nenhum rico no mundo que tenha uma coleção como a minha”, diz com orgulho.

Sidónio Neves é um dos 56 artesãos de Santiago do Cacém que têm trabalhos expostos no Celeiro Comum, em Évora, até 03 de maio, numa iniciativa da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, em conjunto com a Câmara Municipal.

Trapologia, olaria, cestaria, tapeçaria, latoaria e bordados estão também representados na mostra “As Artes Tradicionais de Santiago do Cacém” que, segundo o presidente da Câmara Municipal, Vítor Proença, pretende “divulgar e valorizar” o artesanato local, junto ao público português e estrangeiro.

AYN.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Tudoben