Santiago do Cacém: Utentes de saúde e enfermeiros unidos contra a precariedade

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As comissões de utentes de saúde de Santiago do Cacém, no litoral alentejano, e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) voltaram ontem a protestar contra a “precariedade contratual” dos profissionais de saúde.

    Para Pedro Frias, da direcção do SEP, a união entre estes profissionais e os utentes de saúde deve-se à “instabilidade laboral sentida pelos enfermeiros, que afecta a prestação de cuidados à população”.

    “Esta situação de indefinição também gera ansiedade nas pessoas, que percebem que, em muitos casos, os enfermeiros são o pouco garante dos cuidados de saúde a que têm acesso”, frisou.

    Em causa está a precariedade dos contratos de 300 trabalhadores do Hospital do Litoral Alentejano (HLA), entre médicos, enfermeiros e administrativos, além de outros profissionais do Centro de Saúde de Santiago do Cacém.

    “Recentemente, foram prolongados até 31 de Julho os contratos de quatro enfermeiros, dois médicos e um terapeuta da fala do Centro de Saúde, mas isto são renovações precárias”, alertou Dinis Silva, representante das comissões de utentes do concelho alentejano.

    A situação “repete-se todos os anos”, denunciou Pedro Frias, lembrando que “os contratos só são renovados em cima da hora”.

    No caso dos quatro enfermeiros do Centro de Saúde, ficaria em causa a prestação dos cuidados de enfermagem em várias freguesias do concelho, já que “eles chegam a assegurar sozinhos o funcionamento das extensões”.

    A escassez de enfermeiros e outros profissionais de saúde obriga ainda, muitas vezes, à “deslocação das populações até à sede do concelho, com os custos que isso implica”, apontou Dinis Silva.

    O porta-voz das comissões de utentes denunciou ainda a recente emissão de uma circular, pela Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, que “impede a renovação de contratos a enfermeiras grávidas e doentes”.

    “Isto é muito grave e não pode passar em branco”, reforçou.

    Para o SEP, esta determinação é “inqualificável, discriminatória e até desumana, apresentando-se em completo desacordo e em contradição com a legislação actual do nosso estado de direito democrático”.

    Pedro Frias garantiu também que o rácio de um enfermeiro para 300 famílias “não é cumprido no HLA”, exigindo a admissão de mais enfermeiros naquela unidade e no Centro de Saúde local.

    “Vamos pedir que sejam tomadas medidas urgentes para a região, nomeadamente a passagem destes profissionais a efectivos e a contratação de mais enfermeiros”, adiantou o representante dos enfermeiros.

    A criação de extensões de saúde nas freguesias de Vale de Água e Santa Cruz, reparação da unidade de São Bartolomeu da Serra, alargamento do horário de funcionamento e prestação de serviços de enfermagem nos fins-de-semana e feriados no Centro de Saúde de Santiago do Cacém e na extensão de Santo André são outras das reivindicações das comissões de utentes.

    Os populares voltam ainda a requerer a abertura de uma maternidade no HLA e a melhoria do serviço de pediatria no hospital, protestando ainda contra a privatização do serviço de imagiologia.

   

    RE.

    Lusa/Tudoben

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