Saúde: Obstetra acusado de negligência médica em Portalegre passou a exercer em Elvas
Um obstetra “afastado” das suas funções no Hospital de Portalegre, depois de ser acusado de negligência médica pelos pais de uma bebé falecida na sequência do parto, está a exercer em Elvas, disse hoje à Lusa fonte hospitalar.
Ilídio Pinto Cardoso, porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), que tutela os hospitais de Portalegre e Elvas, adiantou à Lusa que “o clínico exerce actualmente funções no Hospital de Elvas, na área das consultas externas, durante o período da manhã”.
“Enquanto não for condenado, o clínico pode exercer funções”, afirmou Ilídio Pinto Cardoso, explicando que o médico “pertence a uma empresa de prestação de serviços”.
Segundo o porta-voz da ULSNA, “o médico foi afastado do serviço de urgências e maternidade do Hospital de Portalegre por ter havido a queixa e dada a alegada gravidade dos factos denunciados e tornados públicos”.
O Hospital de Portalegre “afastou” o obstetra das suas funções, depois de este ter sido acusado de negligência médica pelos pais de uma bebé falecida em meados de Outubro, 34 dias após o parto.
Na altura em que o caso foi denunciado, segundo Ilídio Pinto Cardoso, o Hospital de Portalegre comunicou ao Ministério Público e à Ordem dos Médicos a alegada negligência médica.
O porta-voz da ULSNA adiantou hoje que “continua ainda a ser desenvolvida uma peritagem médica sobre a eventualidade dos actos médicos praticados”.
O caso surgiu na sequência de uma queixa dos pais de uma bebé, que acusavam um obstetra espanhol de negligência médica.
“Nós queremos que o médico seja responsabilizado pelo homicídio que cometeu”, disse na altura à Lusa o pai da bebé, Joaquim Pinheiro.
De acordo com o relato do pai, o médico terá “adiado” a decisão de realizar uma cesariana à grávida, tendo a bebé “asfixiado”.
O caso remonta ao dia 09 de Setembro deste ano, quando a grávida deu entrada no hospital.
“Após dez horas de trabalho de parto, em que se aguardava por uma dilatação, a bebé terá feito várias paragens cardíacas e asfixiado”, lembrou.
“O médico recusou sempre a cesariana, insistiu sempre no parto normal e, inclusive, maltratou a minha companheira”, salientou Joaquim Pinheiro.
Depois de várias horas, o parto ocorreu na madrugada do dia seguinte, com recurso a ventosas e a fórceps, “sem a dilatação mínima para o efeito e contra a vontade da restante equipa médica”, recordou.
Antes de ser transferida para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, a bebé terá sido reanimada, sobrevivendo com o recurso à ventilação artificial.
De acordo com Joaquim Pinheiro, a carência de oxigénio e de líquidos terá provocado na criança uma “encefalopatia hipóxica isquémica”.
Já em Lisboa, disse, os clínicos detectaram ainda que a bebé sofrera “uma lesão medular alta, ficando tetraplégica”, tendo falecido no dia 14 de Outubro.
HYT.
Lusa/~Tudoben