Segurança Rodoviária: Secretário de Estado defende intervenção urgente no ensino da condução
O secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, defendeu ontem, em Évora, uma intervenção “urgente” na área do ensino da condução para que passe a ter “mais correspondência com aquilo que é a realidade”.
O governante falava aos jornalistas depois de presidir ao lançamento oficial de um caderno sobre segurança rodoviária, editado pelo Governo Civil de Évora, numa cerimónia realizada na Praça do Giraldo, a ”sala de visitas” da cidade.
“Acho que o ensino da condução é uma das áreas onde temos que intervir urgentemente”, declarou o secretário de Estado, numa intervenção em que destacou questões relativas à segurança rodoviária.
Para o governante, tirar a licença de condução a treinar nos bairros onde não há trânsito durante o dia, a estacionar entre duas viaturas em sítios onde não há obstáculos, a conduzir nos dias em que não há chuva, a não ir à auto-estrada e a não passar pela dificuldade de travar com piso molhado é como se se estivesse a conduzir no “céu”.
“E, essa não é a realidade que vamos encontrar no dia-a-dia”, disse José Miguel Medeiros, lembrando que os condutores, “muitas vezes, aprendem a conduzir, aqueles que conseguem fazê-lo, já depois de terem uma licença que os autoriza a circular com uma viatura”.
“A ideia é que o ensino da condução tem de passar a ter mais correspondência com aquilo que é a realidade que os cidadãos vão encontrar”, salientou, lembrando que o ensino da condução é uma competência que passou a ser exclusivamente do Ministério das Obras Públicas.
José Miguel Medeiros defendeu uma “lógica de condução mais defensiva”, com o treino e com a prática em pistas próprias onde as pessoas podem treinar situações de limite.
A estratégia nacional de segurança rodoviária, que vai estar em debate público nos próximos dois meses, apresenta como “um dos eixos de trabalho” a reformulação quer das matérias ensinadas, quer das aulas práticas, explicou.
O governante revelou ainda que está a ser equacionada a reciclagem dos condutores, alegando que os cidadãos “não têm as mesmas aptidões” para conduzir aos 50, 60 ou 70 anos que têm aos 20.
A reciclagem, segundo o secretário de Estado, pretende permitir aos condutores que se “apercebam da sua limitação de capacidades numas áreas e de ganhos noutras”.
“Nós com 50 anos somos mais prudentes numas coisas, mas perdemos reflexos, por exemplo, e temos menos capacidade de resposta”, alegou.
O secretário de Estado reiterou ainda a necessidade de prevenção e de sensibilização dos condutores.
“Podemos melhorar os carros, hoje temos carros super seguros (…), temos estradas fantásticas (…), mas enquanto o condutor não for sensibilizado e sensibilizável não resolvemos o problema”, disse.
“Aquilo que já se conseguiu até agora pela via técnica, na parte dos veículos e das estradas, tem que ter a mesma correspondência, agora, na via dos comportamentos e das atitudes”, defendeu.
Ontem, em Évora, José Miguel Medeiros presidiu também à inauguração da ampliação das instalações dos bombeiros locais.
MLM.
Lusa/Tudoben