TGV: “Absolutamente inaceitável cedência a interesses de Espanha” – Garcia Pereira
O líder do PCTP/MRPP considerou hoje um “erro estratégico” e “absolutamente inaceitável a cedência” de Portugal aos “interesses de Espanha”, ao ignorar as ligações em comboio de alta velocidade Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca-Irún e Algarve-Corunha em favor do eixo Sines-Madrid.
Garcia Pereira falava à agência Lusa no dia em que profere, em Lisboa, a comunicação “O TGV [comboio de alta velocidade] só de passageiros e para Madrid – um grave erro estratégico a evitar”, no IV Congresso Internacional de Ordenamento do Território.
Segundo o advogado, “os espanhóis impuseram a realização do traçado que lhes interessa para ligar Sines a Madrid, ao mesmo tempo que atiraram para as calendas gregas” os troços “estrategicamente” importantes para Portugal: Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca-Irún e Algarve-Corunha.
Para Garcia Pereira, o Governo PS “tem alienado completamente a defesa dos interesses estratégicos do País”, ao “aceitar a imposição de Espanha e não impor como condição” aqueles dois eixos.
Os troços Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca-Irún e Algarve-Corunha, abertos a mercadorias, permitiriam, na opinião do líder do PCTP/MRPP, “tornar competitivos os portos” portugueses, ligando-os ao Centro e ao Norte da Europa, fomentando, assim, a ligação “trans-europeia” de Portugal.
“É absolutamente inaceitável este ajoelhar, esta cedência contínua aos interesses de Espanha”, afirmou, acrescentando que Portugal se deveria bater perante a União Europeia por “uma estrutura ferroviária que torne os portos competitivos”.
Garcia Pereira entende que é “um erro estratégico” manter a ligação de TGV só para passageiros e até Madrid, já que constituirá um “factor de isolamento e empobrecimento” para Portugal.
Há uma semana, num comentário a uma notícia do jornal Público, o ministro das Obras Públicas, António Mendonça, disse não haver uma decisão definitiva sobre a construção da linha de TGV entre Aveiro e Salamanca por parte das autoridades portuguesas, admitindo apenas a “decisão de estudar essa possibilidade”.
O Plano Estratégico de Infra-Estruturas e Transporte de Espanha “não contempla nenhum acesso em alta velocidade entre Salamanca e a zona fronteiriça de Vilar Formoso e Aveiro até ao horizonte de 2020, apesar de a inauguração desta linha entre os dois países ter sido anunciada na cimeira ibérica para 2015”, noticiava o diário.
ER/GR.
Lusa/Fim